Com um poder de consumo que ultrapassa R$ 200 bilhões anuais, as favelas brasileiras emergem como potências econômicas, desafiando estereótipos e revelando oportunidades para o mercado
As favelas brasileiras, frequentemente associadas a estigmas sociais, estão se destacando como centros vibrantes de atividade econômica e empreendedorismo. Com uma população estimada em 12 milhões de pessoas, essas comunidades movimentam cerca de R$ 202 bilhões por ano, o que as colocaria como o 14º maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo dados do IBGE de 2022.
Perfil de consumo nas favelas
Estudos recentes revelam padrões de consumo distintos nas favelas. Uma pesquisa da holding NÓS Inteligência e Inovação Social, realizada nas quinze maiores favelas do Brasil, apontou que a renda média nessas comunidades é de R$ 3.036,23, com um potencial de consumo anual de R$ 167 bilhões. No setor de alimentação, por exemplo, bares e restaurantes locais desempenham um papel significativo, movimentando mais de R$ 438,3 milhões em 2023. Além disso, 30% dos moradores utilizam aplicativos de delivery pelo menos uma vez por semana, sendo que entre os jovens de 18 a 24 anos, 66% possuem esses apps instalados em seus smartphones.
A preferência por estabelecimentos locais é evidente: 52% dos entrevistados optam por mercadinhos ou mercearias dentro da comunidade, enquanto 45% frequentam supermercados locais. A proximidade é o principal fator para essa escolha (81%), seguida pela percepção de preços mais acessíveis (33%).
Digitalização e compras online
A digitalização também está presente nas favelas. Uma pesquisa nacional intitulada “O que ninguém vê: a realidade do consumo digital nas periferias”, realizada pela Nós – Novo Outdoor Social em parceria com a HSR Specialist Researchers, revelou que 59% dos moradores das periferias preferem fazer compras online. As plataformas Shopee e Mercado Livre são as mais populares entre esses consumidores. O público feminino das gerações Z e X lidera as compras online, com destaque para itens como roupas e acessórios. Em relação às formas de pagamento, 74% dos entrevistados preferem o Pix, enquanto 58% utilizam o cartão de crédito. O parcelamento é comum, com 19% das compras sendo divididas em até três vezes.
Empreendedorismo nas comunidades
As favelas são berços de empreendedorismo. De mercearias a salões de beleza caseiros, oficinas mecânicas improvisadas e pequenas fábricas, essas comunidades abrigam uma infinidade de empreendimentos locais. Embora modestos em escala, esses microempreendimentos contribuem substancialmente para a economia do país. Estima-se que existam 5,8 milhões de empreendedores nas favelas, com destaque para os setores de alimentação (14%), cuidados com beleza e estética (10%) e comércio/manutenção de roupas (8%).
Reconhecimento e oportunidades de mercado
O reconhecimento do potencial econômico das favelas tem atraído a atenção de grandes marcas e investidores. Eventos como a Expo Favela, organizada pela Favela Holding e CUFA (Central Única das Favelas), destacam a força econômica dessas comunidades e promovem a integração entre empreendedores locais e o mercado formal. Além disso, iniciativas como a startup naPorta, em parceria com a ONG Gerando Falcões, buscam melhorar a logística de entregas em favelas, facilitando o acesso a produtos e serviços.
O papel da Catus no fortalecimento do e-commerce e do empreendedorismo
Na Catus, somos especialistas em e-commerce e acreditamos no poder transformador do empreendedorismo. Entendemos que as favelas são verdadeiros polos de inovação e consumo, e buscamos apoiar esse crescimento com soluções digitais estratégicas, ajudando negócios locais a expandirem suas vendas online. A inclusão digital e o fortalecimento do comércio eletrônico são caminhos essenciais para ampliar as oportunidades e gerar impacto positivo dentro dessas comunidades.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar do potencial evidente, as favelas ainda enfrentam desafios significativos, como a falta de infraestrutura adequada, acesso limitado a crédito e preconceitos enraizados. No entanto, a crescente visibilidade e o reconhecimento da força econômica dessas comunidades abrem caminho para investimentos que podem impulsionar ainda mais o desenvolvimento local.
É fundamental que empresas e governos reconheçam e valorizem o potencial das favelas, não apenas como mercados consumidores, mas também como fontes de inovação e empreendedorismo. Ao promover a inclusão e o desenvolvimento sustentável nessas comunidades, estaremos construindo um país mais justo e próspero para todos.
As favelas brasileiras são, sem dúvida, uma potência econômica que merece respeito e destaque. Ao enxergarmos além dos estereótipos e investirmos no potencial dessas comunidades, estamos não apenas promovendo justiça social, mas também impulsionando o crescimento econômico do país como um todo.